VOLTO E RECOMENDO

Viagem feita em 2017 – Post atualizado em 2019

Que o Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo, muita gente sabe. Mas este não é o ponto. O Salar, pra mim, é um dos lugares mais incríveis do mundo. É um tipo de natureza que nós, brasileiros, não estamos acostumados, por isso sempre despertou minha curiosidade.

Se eu pudesse definir a ida ao Salar numa frase, seria o título deste post: “É um perrengue desgraçado, mas vale a pena”.

Neste post vou contar minha logística pra ir ate o Salar. Com isso, de repente ajudo você a escolher qual perrengue passar… se o que eu passei ou se prefere outro.

Por que é perrengue ?

Bom, existem duas formas de chegar ao Salar. Pela Bolívia ou pelo Atacama. Pela Bolívia tem que voar até Sucre e depois ir de carro ou ônibus até a cidade de Uyuni. Como eu já estava no Atacama, essa opção não fazia sentido pra mim.

Indo pelo Atacama, 95% das pessoas, pelos meus cálculos, reservam o passeio numa agência na cidade de San Pedro, que é feito num carro 4×4 e vão até o Salar (eu faço parte dos 5%… ja explico melhor).

Você pode escolher a opção de ir ao Salar  e voltar para San Pedro do Atacama ou ficar em Uyuni ao final do tour. Aí depende do seu roteiro. Como eu ainda ia para Santiago, eu voltei para San Pedro.

O tour normal, que é esse que falei, leva 4 dias e 3 noites. Sendo que o quarto dia é só voltando de Uyuni pra San Pedro.

Você chega ao Salar mesmo só no terceiro dia. Os dois primeiros são o trajeto até lá.

Esse trajeto dizem que é incrível. Vc passa por umas lagoas coloridas, vê milhares de flamingos, montanhas etc.

Mas Felipe, fala logo! Por que é perrengue ?

Então, como disse antes, eu li muito sobre o Salar. E pelo que entendi, só agências bolivianas fazem o passeio. Mesmo se você comprar o tour no Chile, ele será operado por uma agência boliviana depois da fronteira.

Na Bolívia o nível de infraestrutura turística, fiscalização e serviços é bem pior do que no Chile. Eu li diversos relatos e não tem nenhuma agência que seja bem recomendada.  Todas as agências que eu pesquisava, encontrava relatos ótimos, recomendando, e outros com experiências terríveis, com carro quebrando, comida ruim, motorista bêbado etc… 

Só uma agencia é muito bem recomendada. Mas calma, não se anime muito. É bem cara. Trata-se da RUTA VERDE e custa algo em torno de mil dólares por pessoa.

Além disso, um dos perrengues mais relatados são os abrigos onde os turistas passam as noites. São pequenas construções no meio do nada, com estrutura limitada e normalmente não tem calefação. Como no deserto faz muito frio de noite (pode chegar a -20 graus no inverno), tem gente que passa sufoco.

Alguns meses antes da minha viagem, um casal de amigos fez o passeio com a Ruta Verde. Adoraram a experiência.

Ficaram em bons hotéis, o passeio foi num carro bem novo e o guia era atencioso e dirigia com cuidado.

Esse casal me falou algo que foi decisivo para definição da minha logística até o Salar. Os dois primeiros dias de tour são longas viagens de carros e paradas pra ver algumas lagoas no caminho.

Eles me disseram que são realmente lagoas lindas, mas para quem vai ao Atacama, que também tem lagoas incríveis, não são atrações necessariamente imperdíveis. E que o grande barato é efetivamente o Salar.

Portanto, considerando a questão dos abrigos no caminho dos dois dias até o Salar, as agências não muito bem recomendadas e o relato do casal de amigos, resolvi pegar um ônibus de turismo que vai de San Pedro do Atacama até Uyuni, dormir num hotel bem legal que achei na cidade de Uyuni, fazer o tour de um dia pelo Salar e voltar no ônibus para San Pedro no dia seguinte.

O resultado foi: troquei um perrengue pelo outro.

A viagem é bem cansativa. Foram 14 horas.

Fica um tempo parado pra fazer imigração. O ônibus é um frescão com uns 20 anos de uso. A estrada no lado chileno é excelente, mas no lado boliviano é de cascalho. E na volta veio gente em pé. Muito doido!

Agora chega de problemas e vamos ao lado bom da vida…

A cidade de Uyuni é bem legal. Curti bastante a experiência.

Muita vida nas ruas, pessoas calmas e até com uma certa inocência no trato. Pouco barulho, pouco carro e zero umidade.

Quando eu digo zero, é zero mesmo.

O nariz e a boca ficam secos constantemente. Bom levar um soro pra hidratar o nariz, um protetor labial e beber bastante água.

Tudo muito simples, mas bem legal.

Uma das razões pra eu ter escolhido essa logística foi ter encontrado um bom hotel em Uyuni. E com um preço excelente. Resolvi passar por uma viagem de 14 horas de ônibus mas dormir duas noites num hotel bem confortável. Este hotel é o Casa Andina. Trata-se de um hotel que tem as paredes de sal. Muito legal! O hotel parece bem novo, com staff bem atencioso e quarto impecável, com camas confortáveis, banho quente e limpeza excelente. 

No dia seguinte à minha chegada, fui fechar o tour de um dia para o Salar.

Como eu não tinha nenhuma agência fechada e estava na dúvida, resolvi pedir uma dica na recepção. O recepcionista me indicou a OASIS TOUR, que, segundo ele, era a melhor opção para tour de um dia, porque nos levaria aos melhores lugares.

A agência é bem pequena, como todas as outras, e é especializada em turistas asiáticos. O que eu achei bom, porque pelo que me consta, eles são bem exigentes.

Resolvi fechar com eles. Como era muito barato, eu e meu primo resolvemos pagar pelos outros quatro lugares disponíveis no carro e fizemos um tour privativo. Achei uma boa decisão.

O DIA DOS PASSEIOS

 

No dia seguinte fomos bem cedo até a agência pra encontrar nosso motorista. 

Quando o carro chegou, já torci o nariz. Era um Toyota 4×4 beeeem usado, com o vidro da frente trincado.

Quando o motorista, um senhorzinho boliviano, foi sair da vaga, bem lentamente, meu coração acelerou. Quando ele começou a andar em primeira marcha pela cidade, cheguei a duvidar que ele soubesse dirigir. Mas depois melhorou.

Fora o fato dele estar com sono e ter tirado rápidas cochiladas enquanto dirigia, correu tudo bem.

O passeio seguiu o seguinte roteiro:

CEMITÉRIO DE TRENS

LAGOA AZUL

ILHA DE CACTOS

MUSEU DE SAL

REGIÃO ALAGADA DO SALAR

É o que vamos detalhar a partir de agora.

OS PASSEIOS

O Salar é realmente inacreditável. Sabe aquela expressão “parece cenário de filme”?

Então, não parece não, é.

Por exemplo, a cena final do episódio 8 de Star Wars foi gravada lá. Mais um atrativo para os fãs da saga.

 

CEMITÉRIO DE TRENS

É um depósito de trens antigos.

Eu diria que é um lugar curioso. Dá pra subir nos trens e tirar umas fotos legais.

Ficamos não mais do que 15 minutos.

 

LAGOA AZUL

Depois do cemitério, andamos uns 40 minutos em linha reta, sem nenhum sinal de vida em qualquer direção, só o chão de sal. 

No vídeo acima dá para você ter uma ideia do carro andando na “estrada”.

E, de quebra, você ainda vai ver o parabrisa do nosso Toyota trincado.

Até que chegamos na Lagoa Azul, que fica no pé de uma pequena montanha, onde há um povoado, dentro do Salar.

Enquanto nosso motorista  preparava o almoço, um salsichão bem mais ou menos, arroz, tomate, uma salada e refrigerante, demos uma explorada no local. Só tinha um carro junto conosco. Isso foi legal.

Os flamingos compõem o cenário que é bem bonito.

ILHA DE CACTOS

Saindo da Lagoa Azul dirigimos cerca de 50 minutos até a Ilha de Cactos.

No meio do caminho o motorista parou pra fazermos as tradicionais fotos explorando a perspectiva do local. A Ilha de Cactos é um barato. É literalmente no meio do nada.

Ali ficamos por aproximadamente 1 hora e pudemos ir até o topo da montanha e descer.

Dá uma cansada por conta da altitude, mas a vista lá de cima é incrível. Eu que gosto de fotografar, fui ao delírio. 

E sabe aquelas fotos divertidas que o pessoal coloca no Instagram ?

Os guias já levam todo o material e fazem o serviço completo.

Esse, deitado, é o nosso motorista.

Passamos também por esse monumento do Rally Dakar, que também passa pela região.

MUSEU DE SAL

Mais uns 40 minutos de carro e chegamos ao Museu de Sal.

Trata-se de um hotel desativado que virou museu.

Tem uma lanchonete, umas peças em exposição, como vestuários típicos.

Próximo ao Museu ficam essas bandeiras onde os visitantes sempre aproveitam para fotos.

Na foto acima dá para se ter uma ideia de como é o chão do salar.

ALAGADOS

Depois do Museu, voltamos ao carro e andamos uns 20 minutos até um lugar onde o salar estava alagado.

Tem épocas do ano que ele está todo alagado, mas quando fomos,  em novembro, só esse pedaço.

Confesso que fiquei um pouco frustrado por não ver aquele espelho d’água refletindo o céu, mas ainda assim foi incrível.

O vídeo acima dá uma boa ideia da caminhada no salar com água.

A galocha foi fornecida pelo nosso guia.

De qualquer forma, alguns minutos depois o pôr do sol compensou.

Ficamos sentados, conversando com o motorista, observando o salar e esperando o sol cair.

A cada minuto a paisagem ficava mais bonita. Foi incrível!

Ali deu a sensação de que o sacrifício tinha valido a pena. Acho que as fotos falam melhor do que as minhas palavras.

Voltamos para a cidade. Mais uns 30 minutos de viagem. 

Então, bem cansados, saímos pra jantar e dormimos cedo, pois na madrugada seguinte pegariamos o ônibus de volta para San Pedro. 

A VOLTA – PERRENGUE DOBRADO

Se a ida já teve alguns problemas, a volta foi pior ainda.

O ônibus estava lotado e com pessoas sentadas no chão.

Eu achei que essas pessoas desceriam na cidade seguinte, no máximo. Que nada! Foram até o Chile.

Na imigração boliviana tivemos que pagar uma taxa, não sei de quê. Sorte que eu ainda tinha uns trocados de peso boliviano. Senão nao sei como iria resolver.

Portanto, vá pra fronteira com um troco no bolso. Não lembro o valor, mas era pouco, tipo uns 5 ou 10 reais.

O desconforto foi grande e a vontade era de chegar logo ao Chile para o nosso destino seguinte que seria Santiago.

 

RESUMO

 

Como falei, foi uma viagem bem desconfortável, mas eu teria me arrependido amargamente se não tivesse feito isso algum dia.

O Salar de Uyuni deve ser destino obrigatório na vida de um viajante.

E até hoje, eventualmente, me pego vendo as fotos e lembrando do lugar. Do vento, do barulho do pneu do carro no Salar, da imensidão branca ao meu redor e a sensação de sonho realizado.

E quando isso acontece, é sinal que a viagem valeu muito a pena.

Espero que meu relato tenha sido útil para o planejamento da sua viagem.

A única recomendação, convicta, que eu posso dar a você é VÁ !

Escolha o roteiro que faça mais sentido e aproveite cada segundo, porque eles serão inesquecíveis.

Veja no post DESERTO DO ATACAMA E SALAR DE UYUNI – Roteiro de 13 dias o roteiro completo da nossa viagem